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Os conflitos da Ucrânia e do Médio Oriente continuamente noticiados na Comunicação Social, se nos fazem ignorar outros tumultos que existem pelo Mundo fora, por outro lado, pela abrangência política e estratégica das suas razões mais profundas, levam-nos a oscilar constantemente entre a constatação crítica das atrocidades da guerra e as expectativas redentoras da paz. A guerra chega também a ser justificada, em pleno conflito, quando é promovida, em nome da institucionalização da paz, por reação a violações de acordos de tréguas nas hostilidades.
“Guerra e paz”, a monumental obra de Tolstoi, apresenta-nos, como legado dos confrontos entre o as tropas napoleónicas e a resistência dos exércitos russos, narrativas e episódios ficcionais sobre dramas os personagens por ele criados. Tolstoi enalteceu a paz apesar de a história ter insistentemente imposto a guerra...…
Atualmente, no Ocidente, não estando os países, à exceção da Ucrânia, ocupados por terceiros, não havendo assim aqui, tropas em confronto, vive-se, sobretudo, além do receio que tal possa acontecer, uma ameaça que se ergue nas suas fronteiras conjuntamente com as anomalias decorrentes das restrições à circulação de bens, desde produtos industriais e agrícolas até aos combustíveis. Por envolverem prejuízos e riscos que diretamente nos afetam e comunidades que nos são próximas, estes conflitos são objeto de constantes comentários e debates nos órgãos de comunicação, a par de recomendações e tomadas de decisão políticas visando a sua ansiada e hipotética superação.
Acontece, porém, que a Humanidade é exímia em construir confrontos bélicos, lembrando então, com a sua eclosão, a paz como uma alternativa tão idealmente desejável como realisticamente ausente ou efémera.
Aparentemente, ninguém defende a guerra como tal, mas como sendo paradoxalmente justificada, de uma maneira ou de outra, para se alcançar a paz, ou seja, por causa da paz...…
Entretanto, as guerras continuam. Para que se cumpra a história, tal como constatou Tolstoi, contra a sua vontade, em “Guerra e paz”?
Esperemos que não.