Algumas pessoas ficaram satisfeitas com o assassinato pelas forças da NATO de um filho e três netos do líder líbio Muammar Kadafi. Muitas pessoas ficaram muito satisfeitas com o assassinato pelas tropas de elite norte-americanas do líder da al-Qaeda Osama bin Laden, uma das suas mulheres e um dos seus filhos.
Será que a paz e a harmonia se podem construir eliminando fisicamente pessoas que impõem pela força os seus pontos de vista? Talvez não. Afinal os EUA e a NATO estão também a impor a sua vontade pela força, despertando a satisfação dos seus apoiantes e o ódio dos seus opositores.
Por isso vários governantes e analistas alertam para o perigo de novas ações terroristas, talvez levadas a cabo com ímpeto revigorado. Por isso alguns governantes e analistas alertam para o perigo da repulsa das populações árabes e não só aos métodos utilizados, reforçando um certo anti-americanismo ou mesmo anti-ocidentalismo.
Aparentemente a paz e a harmonia só poderão surgir de quem as pratique efetivamente, procurando criar reais condições de melhor distribuição da educação, da cultura e da riqueza material, eliminando ou reduzindo drasticamente a fome e a miséria que, infelizmente, ainda campeiam em largas zonas do globo.
Alguns dirão que agora essas ações estarão facilitadas. Outros dirão que, pelo contrário, o acrescido ódio dificultará uma política de real aproximação entre o mundo desenvolvido e o mundo em vias de desenvolvimento.
Talvez o mais sensato seja não hipervalorizar as ações de guerra, enquadrando-as como tal, e focar a atenção de todos na necessidade de paz, harmonia, aproximação, entendimento, partilha, apoio construtivo, responsável e sustentável.
E uma postura deste tipo, ou seja, uma postura de amor, parece que só poderá construir-se a partir do interior de cada um; da vivência harmoniosa no lar, no núcleo de vizinhança, nas empresas e outras instituições e nos países. A paz e a harmonia no mundo, afinal, começam em cada um de nós. A paz e a harmonia mais do que uma exigência devem ser uma dádiva.
