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O Mar é o palco da grande aventura portuguesa! Os portugueses são marinheiros por devoção e sobreviveram aos mistérios do Mar infinito. Há dias, uma jovem de 17 anos, foi empurrada pelo vento enquanto praticava paddle, numa praia do concelho de Vila Real de Santo António. É certo que num dia de vento e de correntes marítimas não se deve entrar no mar. Também é certo que as praias não podem ficar sem vigilância permanente. A Autoridade Marítima Nacional (AMN) emitiu avisos à população nesse dia, mas foram manifestamente insuficientes. A consequência da ausência de vigilância nas praias é uma porta aberta a perigos vários que daí podem advir. É preciso criar mecanismos de vigilância capazes de garantir a segurança nas praias portuguesas. Colocar no terreno equipas multidisciplinares, que podem ser compostas por elementos da polícia marítima, dos bombeiros, da proteção civil e pelos próprios nadadores-salvadores, aos quais deve ser facultada formação adequada. O Algarve sofre particularmente com esta situação, porque goza de um clima que convida a entrar no mar durante praticamente todo o ano. Vive de turistas que vão à praia todos os dias e pode vir a ter de lidar com situações difíceis e pouco recomendáveis a um país responsável e seguro. A profissão de nadador-salvador não pode ser encarada de ânimo leve, nem mantida como precária. Não pode vigorar apenas nos três ou quatro meses de verão. É preciso dar-lhe a dignidade, como garante da segurança dos banhistas e de todos os que frequentam as praias. Impõe-se que seja criada uma carreira para esta profissão. Impõe-se dotá-la de incentivos para os jovens que a querem abraçar, mas não vislumbram condições, nem futuro. Os municípios podem ter um papel importante nesse processo, desde que lhes sejam atribuídas as respetivas competências e a respetiva provisão financeira para o concretizar. Este assunto esteve em cima da mesa, recentemente, numa reunião da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e também com a Comunidade Intermunicipal do Algarve - AMAL. O Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) precisa de apoios suficientes, para que possa proceder a uma gestão adequada dos recursos humanos e colocá-los ao serviço da população. Cabe-lhe cumprir o papel importante de vigiar e fiscalizar as praias, de modo a evitar comportamentos de risco que ponham em causa o bem-estar da comunidade. Por outro lado, os artefactos para praticar desporto no mar, devem conter informações claras de como devem ser usados, sem colocar em risco os utilizadores. O Governo não pode ignorar esta situação. É preciso intervir no imediato. Estão em causa vidas humanas! Os Heróis do Mar previnem-se em terra!
*Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e Vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses