O problema da habitação em Portugal resolve-se com investimento estrangeiro, não expulsando estrangeiros. Mas infelizmente nós temos grande tradição em pôr a andar quem gosta de nos ajudar. Há uns judeus por aí que sabem contar essa história.
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Incompreensivelmente, na mesma altura em que o Governo chama para Portugal todos os cidadãos da CPLP que apenas manifestem vontade de vir para cá viver - o que é uma boa medida, porque o nosso país está cada vez mais envelhecido -, lança um pacote de combate ao problema de habitação que é uma desgraça em termos de estratégia e negócio, e cria danos à imagem de Portugal como local seguro para investidores.
O pacote é tão descabido e fora da realidade, que só pode ter sido concebido [ou permitido] para resolver outro problema que não o da habitação. Sabendo que o PS prepara a sucessão de António Costa, e vendo quem são os protagonistas diretamente envolvidos nesta medida, nem sequer é preciso ser muito criativo para dar um palpite.
Acabar com o visa gold sem explicar bem o que vai acontecer, quando "visa gold Portugal" é a segunda frase mais procurada no Google relacionada com Portugal (depois de Cristiano Ronaldo), não lembra mesmo a ninguém.
É verdade que há um problema, mas esta ideia de intervenção direta no mercado equivale a chamar a pobreza para dentro de casa. Se há estrangeiros ricos que querem ter cidadania portuguesa, então que se chamem esses estrangeiros a resolver o problema. Em vez de obterem o visto dourado, deixando milhões parados no banco, ou comprarem casa para lá viver os sete dias por ano que a lei obriga, que se crie um golden visa para quem invista em casas de classe média para arrendar. Duas casas de 250 mil, em vez de uma de 500. Parece que o Governo garante as rendas.
Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos