Corpo do artigo
Continua a ser o melhor aluno do país. As notas oscilam entre 18,1 e 19, 1 desde abril de 2016 e, nesta data, os portugueses dão-lhe um 18,3. Segundo a sondagem da Aximage, esta avaliação é absolutamente consensual entre os eleitores dos vários partidos que lhe dão entre um 17,3 do CDS e um 19,1 do PSD.
Os partidos políticos não ousam contrariá-lo porque gostamos todos de si e ficamos chateados, os média tratam-no muito bem porque sabe também muito bem como funcionam (afinal teve a mais extensa campanha eleitoral do Mundo na TV) e depois porque se farta de lhes oferecer períodos de programação animada e barata. Basta-lhes seguir o seu programa de atividades.
A influência da sua proximidade e a simpatia da sua presença é de tal ordem que ninguém se lembra das suas contradições, das suas precipitações ou mesmo das suas interpretações, por exemplo, sobre a forma como se deve exercer o mandato presidencial.
Mas nem tudo são rosas, até porque já percebemos que gosta muito mais de "bouquets" (partidários). E o afastamento do único líder partidário que lhe fazia verdadeira oposição talvez não lhe facilite completamente a vida.
Não sei porquê acho que não conseguimos acreditar que o dr. Rui Rio e o sr. presidente sejam exatamente os melhores parceiros (já não digo amigos) e todos nos lembramos ainda muito bem da "vichyssoise" para percebermos a influência das empatias pessoais nisto tudo.
Por outro lado e na razão direta inversa, duvidamos que sobretudo o PCP consiga resistir a uma sopa de pedra onde cabem todos. E quando o PCP voltar à rua, lá terá de dividir a Comunicação Social com outros protagonistas e os sindicatos sempre podem fazer mais barulho do que um presidente.
Mas o que mais me preocupa é, no fundo, perceber que não é por estar mais perto de todos nós que tem mais poderes. As selfies não se vão transformar num braço armado dos seus bons desejos. E, no final, ficamos todos outra vez às voltas com a magistratura de influência.
Sim, porque apesar de todos os avisos e todas as opiniões que tem manifestado, os sinos de Mafra podem cair, a Ponte 25 de Abril prega-nos sustos e os hospitais não recebem. Só para falar em temas das últimas 24 horas.
Continuamos todos dispostos a dar-lhe boa nota porque não resistimos à sua simpatia, mas não leve a mal se, mais tarde, num qualquer inquérito deixarmos a opinião de que o único presidente que pôde, realmente, fazer alguma coisa pelo país se chamou Ramalho Eanes.
* ANALISTA FINANCEIRA