Uma tática muito utilizada por alguns políticos, sejam eles independentes ou não, é o de contar histórias da carochinha para justificar uma "solução" drástica e polémica para uma situação. "Solução" essa que mais não é do que o fim que justifica todos os meios...
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A atual maioria na Câmara do Porto, apesar de ter o apoio do CDS, cujo ex-líder se celebrizou como o "Paulinho das feiras", não gosta de feiras populares. Vai daí, decidiu acabar com a feira do Cerco, que há décadas se realiza em Campanhã. Feira semelhante a centenas de outras que se realizam pelo país, e que são, fundamentalmente, frequentadas por pessoas com menores posses económicas. Como esta decisão, por si só, pareceria muito elitista, pintou um exagerado cenário negro para a caraterizar: desacatos sistemáticos que implicam a presença e intervenção da polícia, muita contrafação, ameaças aos fiscais municipais, presença de feirantes sem licença. Ninguém concorda, naturalmente, com as irregularidades, mas a solução passaria por a Câmara não abdicar de fazer cumprir as regras e não por encerrar a feira. O problema é que, independentemente dos problemas, a Câmara queria fechar a feira...
Idêntica tática foi seguida relativamente ao agora octogenário Coliseu. Rui Moreira pretendia concessionar esta mítica sala de espetáculos. Como a decisão era polémica, sacou de um "estudo técnico" que dizia que eram necessárias obras urgentes de 8,5 milhões de euros - o que só seria possível com o dinheiro de um futuro concessionário. Como a pandemia dificultou o negócio, passados dois anos, fazem-se obras que já só custam 3,5 milhões de euros e são pagas pelo Governo e pela Câmara... Podiam poupar nas histórias da carochinha!...
*Engenheiro