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Escrevo esta crónica prestando homenagem a um cidadão que mal conheci pessoalmente mas sempre admirei, Francisco Pinto Balsemão, que nos deixou com uma obra cívica e intelectual, democrática e cidadã, muito para além da política no tempo e no verbo.
Partiu numa altura em que o país e o Mundo mais precisavam da sua coragem e visão em prol da Democracia, em que a palavra escrita e televisiva que propagou e se bateu desde a juventude mais riscos corre e a verdade da notícia trilha caminhos de amargura. Todo o país lhe reconhece o percurso de vida e o partido que ajudou a formar e de que era militante n.º 1 e onde sempre se bateu pela Democracia honrará este legado histórico como "tributo nacional" ao lado de Sá Carneiro, companheiro de jornada.
O momento nacional e internacional que vivemos coloca interrogações grandes e difíceis de responder nos caminhos tecnológicos mas, sobretudo, humanos e cívicos a percorrer. Ética e Cidadania andam pelas ruas da amargura, a "notícia" tomou conta das redes sociais e mente com a maior desfaçatez, já não é "mundo virtual" mas virtualismo pernicioso e que deturpa os factos e prejudica a evolução civilizacional.
Cidadãos notáveis como este vão-se embora mas a memória será sempre a raiz do futuro e uma Democracia jovem como a nossa terá de se enraizar nestes valores como modo de fortalecer a "árvore" do seu percurso civilizacional. Que deve ser a grande preocupação de um democrata, para além das opções partidárias, importantes mas não exclusivas, alinhar na frente comum de quem se bate por grandes valores, tem pensamento aberto e vontade de transformar a realidade comum no melhor que pode legar ao futuro. A partida de figuras como esta deixam ao presente uma responsabilidade de acreditar ainda mais no futuro, mas empenhar-se na ajuda de o construir.