Este grito da jovem Greta Thunberg na ONU deixou-nos a todos - os adultos que mandam - numa espécie de ansiedade ecológica.
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Mais do que isso, deixou-nos com uma espécie de sentimento de culpa. Uma culpa difusa que nos atinge individualmente por mais que nos esforcemos a separar o lixo ou a levar sacos de pano para o supermercado.
Mas também uma culpa incómoda de quem se sente insultado por uma geração cuja consistência ecológica, ou de qualquer outra natureza, não emerge de forma exatamente brilhante.
Um amigo meu perguntava um destes dias, com graça, de que raio estava a miúda a falar, já que quando ele (nós) era(mos) miúdo(as) ia(mos) a pé para a escola, trazia(mos) coisas avulsas das lojas embrulhadas em papel, devolvia(mos) as garrafas que eram todas de vidro, o McDonald"s não existia, e onde existia não distribuía brinquedos de plástico, e o leite era deixado à porta por um leiteiro que viajava num veículo elétrico. O meu amigo é inglês!
E, digo eu, não sabia(mos) o que era fast fashion. Na verdade, nem muito bem o que era fashion.
Indo um pouco mais a fundo:
- o maior grupo de utilizadores de Uber (nos EUA) é o grupo dos 16-24;
- 92% dos jovens americanos da Gen Z (nascidos entre 1995 e 2015) querem comprar o próprio carro e 97% têm planos para tirar a carta de condução;
- na última Cyber Monday da Amazon, o grupo dos 18/24 fez cerca de mil milhões de dólares em compras;
- a Gen Z é a geração mais (auto)fotografada de sempre; a pressão para garantir a renovação do guarda-roupa é diária;
- 98% dos jovens da Gen Z têm um smartphone e recebem-no mais cedo do que qualquer outra geração;
- os dados da União Europeia apontam para um crescimento no consumo de álcool entre os jovens; cerca de um quinto dos jovens com mais de quinze anos consome cinco ou mais bebidas, pelo menos uma vez por semana;
- os copos de plástico levam entre 50 e 150 anos a decompor-se.
Estamos, portanto, falados quanto a consumismo, despesismo e buraco de ozono. Não digo que a nossa geração - dos adultos que mandam - não tenha responsabilidades. Mas digo que é preciso explicar alguma coisa mais à jovem Greta.
Analista financeira