O ano de 2020 fica marcado pela grave crise sanitária, económica e social que assolou a humanidade. Por isso, todo o balanço deste ano que findou terá sempre como pano de fundo e como incontornável acontecimento a pandemia.
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Neste contexto não é de estranhar que tenham ganhado relevância durante o último ano os profissionais de saúde, os quais estiveram, como nos habituámos a ouvir, na linha da frente do combate à covid-19. Depois desses, toda a esperança do Mundo foi depositada na comunidade científica e na descoberta de uma nova vacina.
A política e o futebol quase passaram para segundo plano nos balanços de 2020, quando costumavam ocupar o espaço mediático. Os políticos, ainda assim, mereceram algum destaque pela forma como combateram a pandemia.
Os acontecimentos eclesiais, esses, foram ofuscados pelos efeitos da pandemia e quase não aparecem nos balanços de 2020. Há, contudo, acontecimentos incontornáveis, como a imagem do Papa Francisco, só, no dia 27 de março, a subir a Praça de S. Pedro para o momento extraordinário de oração. 2020 foi também o ano em que o Papa publicou a exortação apostólica "Querida Amazónia" e a encíclica "Fratelli Tutti". Esta última constitui uma síntese de todo o seu pensamento social.
Em Portugal, tal como no Mundo, a Igreja mobilizou-se na luta contra a pandemia. Suspendeu o culto ainda antes de ser decretado o estado de emergência. Não abandonou os mais necessitados, apesar das graves dificuldades económicas que os seus organismos e as suas IPSS enfrentam.
Nos dias do novo coronavírus não se esqueceu que os "pobres são o centro do Evangelho", como recordava o Papa, há dias, no tradicional discurso à Cúria Romana para as felicitações natalícias. Referiu então, de memória, uma frase do bispo brasileiro D. Hélder Câmara: "Quando me ocupo dos pobres, dizem de mim que sou um santo; mas, quando me pergunto e lhes pergunto: "Porquê tanta pobreza?", chamam-me comunista".
Não basta acorrer às necessidades dos que sofrem. É preciso identificar as causas desse sofrimento, denunciá-las e combatê-las. Mesmo correndo o risco de ser chamado comunista.
Padre