D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, vai implementar uma reorganização territorial e pastoral da sua diocese. O documento que a apresenta chama-lhe uma "nova organização da pastoral paroquial em chave missionária".
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D. Manuel Quintas completa 73 anos dentro de dias. Significa isso que daqui a dois anos deverá pedir a sua resignação ao Papa. Merece por isso destaque o bispo do Algarve não se acomodar e aguardar a substituição, procurando antes deixar-se interpelar pela realidade e pelos desafios que o Papa Francisco tem colocado à Igreja.
A diocese irá organizar-se em três regiões pastorais (Barlavento, Centro e Sotavento) nas quais serão criados centros evangelizadores em que as paróquias vão ser integradas: esta é uma das intuições mais interessantes da reforma algarvia. Pretende-se que "das paróquias mais numerosas e pastoralmente mais dinâmicas possam surgir cristãos que sejam pontos de apoio, animadores, ou até mesmo responsáveis das comunidades cristãs mais pequenas, com a finalidade de nelas gerar, igualmente e se possível, animadores e responsáveis da própria comunidade".
Quando um sacerdote é nomeado para uma ou mais paróquias deverá integrar-se na dinâmica da realidade em que se insere e corrigir essa tentação, tão clerical, de começar tudo do zero, sem respeitar o que até então foi realizado. Pretende-se dar um rosto menos clerical à diocese, estimulando os sacerdotes a serem "promotores dos diferentes carismas e ministérios nas comunidades, em vez de os exercerem". A reorganização da diocese do Algarve aposta na corresponsabilidade laical e na correção de erros típicos do clericalismo.
Encontrará, certamente, resistências. Seria bom que resultasse. Não só pelo sucesso da evangelização no Algarve, mas também por abrir perspetivas para outras dioceses repensarem a sua ação pastoral.
*Padre