Numa nota do Secretariado Geral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) os bispos declararam-se "surpreendidos" com a proibição decretada pelo Governo de circular na via pública neste fim de semana.
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O maior impacto desta medida verifica-se nas missas vespertinas de sábado, as quais muitos católicos aproveitam para participar por antecipação na eucaristia dominical.
As limitações à circulação também afetarão a celebração dos funerais. Se nos domingos de manhã os padres têm de celebrar as missas dominicais - inclusive as que celebravam à tarde - em muitos contextos não poderão garantir a celebração das exéquias. Estas terão de ser adiadas para segunda-feira, com os incómodos que isso implicará para as famílias dos defuntos. Dada a baixa participação que agora se verifica nos funerais, justificar-se-ia que essa fosse uma das exceções à proibição da circulação.
Quando foi decretado o primeiro confinamento, em março, houve diálogo entre o Governo e a Igreja. Isso levou a CEP a limitar a participação do povo no culto, tendo-se mesmo antecipado às medidas restritivas que viriam a ser decretados pelo Estado. Não têm por isso fundamento as críticas por ter sido posta em causa a liberdade religiosa ou celebrações como a do 13 de Maio, em Fátima: foram os próprios bispos, em liberdade e com responsabilidade, que decidiram dessa forma proteger a saúde dos seus fiéis.
No "desconfinamento" foram também concertadas posições e estabelecidas, com a colaboração da Direção-Geral da Saúde, as medidas a tomar para garantir uma maior segurança dos fiéis nas celebrações.
Por tudo isto, é lamentável que agora não tenha havido esse diálogo e cooperação. Tal denota incapacidade do Governo para dialogar com a sociedade civil, nomeadamente com uma instituição que lhe devia merecer maior respeito, como é a Igreja Católica. Não por um qualquer estatuto de privilégio, nem sequer pelo facto de existir uma Concordata entre o Estado e a Santa Sé em que a palavra que mais se repete é "colaboração". Sim pela forma exemplar como globalmente a Igreja se tem organizado, e empenhado, no controlo da pandemia.
*Padre