A esperança entrou em mim sem bater à porta ou tocar à campainha, assim, de supetão, enchendo-me a alma com aquele sentimento tão bom de mudança e justiça, de cores garridas e cheirinho a Abril.
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Acreditei, então, viver num tempo em que os maus vão para a cadeia, independente do estrato social onde vegetam, e que as detenções e condenações tinham deixado de ser aplicadas em exclusividade às castas menores.
Finalmente, o crime de colarinho branco era punido, enfim, o mundo a caminhar por estradas mais justas.
Para todos. Lamentavelmente, foi ilusão minha. A "doutora" detida era, afinal, apenas uma especialista do pequeno crime, chefe de um bando de carteiristas. E assim voltei à realidade de um país onde a justiça é rápida para os pobres e lenta até à prescrição para os "doutores" da banca e respetivos amigos.