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Por razões familiares, vi-me obrigado a contratar serviços de cuidadores a domicílio, desde há quase quatro anos. Durante este período, passaram por minha casa duas ou três dezenas de pessoas, a maioria mulheres (além de três homens).
Com excepção de uma dominicana e outra portuguesa (do Porto e das mais competentes), têm sido e continuam a ser brasileiras. E, salvo poucas situações, novas ou menos novas, oriundas dos muitos locais daquele país, de níveis sociais e educacionais distintos, têm-se mostrado amáveis, cuidadosas e implicadas na tarefa que, por vezes, exige tenacidade e, não raro, algum sacrifício. Por exemplo, para quem depende, como elas, de transportes públicos, esperar horas a fio, sobretudo no Inverno, por autocarros cujos horários poucos entendem, para se deslocarem para outros domicílios. A acrescentar, vê-se na TV o modo como, para a legalização em Portugal, os imigrantes são tratados (e maltratados), esperando longas horas à porta da inefável AIMA, para não falar nos expulsos de suas minguadas habitações pela nova forma de terrorismo social consubstanciada nos despejos, muitas vezes iníquos e oportunistas.
Por tudo isto e mais os laços estabelecidos com algumas ex-colaboradoras, direi o seguinte: em matéria de serviço, não me importa a nacionalidade, a cor da pele ou a língua. Importa-me a seriedade, a dedicação e a competência. E se alguns mais inteligentes do que eu, críticos da imigração "que nos assalta", quiserem substituir os imigrantes, têm muito onde exercer o seu patriotismo. Inscrevam-se, para o efeito, nos Centros de Emprego.
(O autor escreve segundo a antiga ortografia)