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Parece que o país, depois das recentes eleições, ficou numa situação de impasse, nem para trás nem para a frente. Ora, as coisas mudaram, o voto de protesto significa alguma coisa e a “geografia eleitoral” exige, ao centro, profunda reflexão.
Primeiro, perceber o valor do voto e respeitá-lo, seja, esforçar-se por alterar o sistema eleitoral, aproximando os eleitos dos eleitores por responsabilidade direta e não exclusivamente por listas partidárias em que os candidatos vão “ao molho” e quem os elege desconhece-lhes o currículo, se o têm. Seja, haver candidaturas nominais, com relação contratual entre candidato e eleitor.
Segundo, sobretudo ao PS, entender que a “liderança da Oposição” não pode ir por arrasto do desafio do BE, pois tal caminho significa subalternizar-se e não ocupar o lugar que a democracia lhe exige. Há uma confusão ao centro da vida política, é preciso regenerar a “classe média urbana” que o PS ajudou a criar nestas cinco décadas de democracia, com o movimento cooperativo e o seu papel social e outras políticas que dignificaram a saúde, o emprego, a educação, a urbanidade.
Trata-se de compreender o protesto e o seu significado, também ser capaz de corresponder às alterações sociais derivadas das novas conquistas tecnológicas e geracionais, “descer à rua” e encontrar na gramática de compromisso com esta, ser sério nos comportamentos e objetivos. Trata-se de reinventar os princípios e objetivos de Abril, meio século depois, desenhar um novo sentido cívico que permita consolidar a democracia. Esta é tarefa de todos, sobretudo do PS de amanhã!