Incêndios, cimeiras e férias
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O tempo devia ser de férias para todos, já que a questão do seu merecimento é algo sempre de muito subjetivo. Contudo, quis o tempo quente que este mês de agosto nos traz se repita como noutros tempos.
Acaba por ser um mês onde muitos são obrigados a interromper as férias para cumprir um qualquer desígnio institucional, mas são também sempre os tempos de muitos fogos na nossa floresta.
Aqui, parece ser a altura de retirar os ensinamentos que não soubemos obter nos grandes incêndios, em Pedrógão Grande, com a honrosa em exceção de se ter, até agora, conseguido saber proteger vidas.
O povo parece interrogar-se com desespero: como é que tudo isto nos está a acontecer? Os governantes são poupados pelos média, o presidente da República parece querer fazer prova de vida e os culpados acabam por ser os habituais: os incendiários, as populações que não limpam os matos e a Proteção Civil porque não soube planear.
A solução não poderá ser elevar as penas e a criminalização, numa medida que nada mais é do que securitária e deixa tudo na mesma.
Entretanto, parece que se pode retirar já uma lição: torna-se necessário preparar no inverno a proteção da floresta e ter uma política pública neste setor com as respetivas infraestruturas asseguradas. Isto quer dizer que está na hora de dotar a Proteção Civil de meios aéreos próprios ou com a ajuda da Força Aérea e a preparação dos bombeiros em articulação com a força de floresta na responsabilidade da GNR.
Internacionalmente, o presidente norte-americano, Donald Trump, procurou fazer uma cimeira com Putin com pompa e circunstância. Aconteceu que a pompa foi escassa e a circunstância não apareceu. Na sua corrida para o Prémio Nobel da Paz, teremos que esperar pelos próximos desenvolvimentos para saber se sempre vai acabar com a guerra da Ucrânia e a da Faixa de Gaza.
No meio disto tudo, vamos sendo abalados pela partida de muitos que de uma forma anónima ou de uma forma evidente marcaram o seu tempo e as suas famílias.
Em Mirandela, foram seis os anónimos idosos cuja partida vai exigir uma grande reflexão sobre o modo como, também nesta área, a política pública precisa de ser reformada.
No mundo do futebol, Jorge Costa e Joaquim Oliveira. Ambos à sua maneira, ajudaram a que o futebol seja hoje mais democrático e próximo dos adeptos. Na política nacional, partiu muito cedo Teresa Caeiro.
Com o aproximar das eleições autárquicas e presidenciais, o país prepara-se para um novo ciclo político, que poderá acabar com o algum cansaço de certos protagonistas. A ver vamos como os portugueses vão responder a este adormecimento. Como diria o saudoso Adriano Moreira, falta-nos mesmo um sobressalto cívico.