O último pavoroso incêndio (para as notícias todos os incêndios são pavorosos, como todos os acidentes de viação são trágicos) que deflagrou no Parque Natural da Serra da Estrela e sobretudo os seus cirúrgicos reacendimentos vieram, mais do que avolumar, confirmar as suspeitas antigas de que muitos incêndios têm origem criminosa. Infelizmente todos sabemos (e eu estou a ajudar a essa missa...) que as principais preocupações com os pavorosos incêndios e as suas pavorosas causas são temas e polémicas que se "incendeiam" no início de cada verão, para serem dadas como extintas no início do outono.
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A questão do fogo posto tem sido historicamente associada ou a obscuros interesses de indústrias madeireiras ou papeleiras ou então, mas em muito menor escala, a pessoas com problemas de sanidade mental. Como devem imaginar, não tenho nenhum estudo feito nesta matéria, nem conheço em pormenor ou de cor todas as peripécias associadas aos maiores incêndios deste ano ou dos anos anteriores. Mas o motivo que me levou a escrever esta crónica foram as notícias que acompanhei sobre os tais três reacendimentos cirúrgicos ocorridos esta semana no enorme incêndio da serra da Estrela, que já tinha tido origens suspeitas e que só foi declarado extinto mais de uma semana volvida e depois de terem ardido 15 mil hectares da bela paisagem serrana. Como todos pudemos saber pelas notícias, estes três reacendimentos, em locais distantes uns dos outros, aconteceram todos no mesmo dia e à mesma hora, o fim da tarde. Como ouvi da boca do presidente de uma das câmaras abrangidas pelo Parque Natural ardido, não pode haver dúvida nenhuma de que se tratou de uma ação criminosa. Eu acompanho este autarca nessa sua falta de dúvidas, mas também não vendo qualquer interesse das tais empresas papeleiras ou madeireiras, não acredito que possam existir três cidadãos com falta de sanidade mental que por "coincidência" tenham decidido provocar os três reacendimentos ao mesmo tempo e em três locais diferentes.
Infelizmente, não tenho nenhuma solução na manga para resolver este problema e por isso resta-me apelar aos especialistas e responsáveis pela proteção das florestas que tenham consciência de que a verdadeira origem da maioria dos fogos, provavelmente, não é hoje a mesma que todos pensavam que era há alguns anos.
*Empresário