A facilidade com que as comunidades virtuais se indignam só é comparável à velocidade com que param de se indignar. No mercado "fast food" da indignação, não há devolução do vasilhame.
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Há dias, um amigo perguntava: as pessoas andam mais zangadas ou apenas passam mais tempo na Internet? É complexo estabelecer um paralelo entre o mundo real e o que se espraia nas redes sociais, porque há personalidades que se transfiguram, há projeções doentias no mundo virtual de pessoas normais na aparência e nos modos. Mas não são assim quase todos os assassinos em série? Por isso é que, de entre os vários botões que as plataformas sociais vão criando, devia haver um para medir o nível da indignação. O indignómetro. Assim já sabíamos ao que íamos. Um post sobre futebol? Nível 5. Um post sobre gatinhos fofinhos? Nível 2. Um post sobre gatinhos fofinhos abandonados ao relento? Nível 5, potencial viral. E por aí fora, até percebermos que as coisas verdadeiramente importantes não eram detetadas pelo algoritmo.
*JORNALISTA