Enquanto o debate sobre a proibição do acesso de jovens até aos 16 anos às redes sociais se intensifica um pouco por todo o Mundo, adolescentes em vários continentes continuam a ser alvo de chantagem, manipulação e traumas psicológicos e a maior parte dos adultos nem se dá conta.
Quem se apercebe sofre. "Vi ser diagnosticado um cancro da mama em estado avançado à minha mãe, que lutava pela vida, mas nada foi tão doloroso quanto observar a minha própria filha a deteriorar-se". O testemunho é de uma britânica cuja filha, de 14 anos, caiu nas mãos de um gangue online sádico e violento. "Parou de dormir. Parou de comer. Como mãe, sentia-me sozinha. Estava assustada, desamparada", relata. A menina tinha sido vítima do grupo 764, cujos membros recrutam menores em plataformas de jogos online para manipulá-los e forçá-los a cometer atos violentos contra si mesmos, como automutilação, ou contra os que lhe são próximos. Tudo acontece em direto, transmitido em streaming, enquanto os membros do gangue assistem.
Não é filme, nem ficção. E não acontece só aos outros. Na Austrália, a Polícia criou uma task force após uma onda de ataques contra raparigas, coagidas a ferir-se e a humilhar-se, enquanto os abusadores obtinham prazer com o sofrimento que provocavam.
O que se pode concluir é que os perigos online existem e evoluem mais rápido do que as políticas de proteção infantil. Podemos proibir o uso das redes sociais aos jovens, mas a medida será sempre curta enquanto as sociedades não estiverem preparadas para proteger os mais vulneráveis num mundo digital em que a maldade também se disfarça de diversão.

