Num país em que a violação do segredo de Justiça é um desporto nacional não federado, a relação das polícias com a opinião pública faz-se, grosso modo, como há 50 anos.
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Não houve uma evolução nos métodos de informar e divulgar. Foi, por isso, com agrado que vi, há dias, um inspetor da PJ explicar, em detalhe, a forma como deteve o casal que matara, de forma bárbara, uma professora. Mas esta é uma exceção. As polícias vivem fechadas na sua concha, e nem a aparente abertura às redes sociais (onde se especializaram em fazer graçolas inócuas) mudou o paradigma. O que é uma pena. Porque, pese embora a complexidade do mundo criminal, a estratégia de informar, como se comprovou com a divulgação, minutos depois da fuga, do trio de assaltantes que escapou por uma janela de um tribunal do Porto, teve o efeito benigno de avisar a comunidade e, de forma indireta, contribuir para o trabalho de investigação. Este é um caso extremo, mas generalizar a transparência da atividade policial serviria melhor os cidadãos e, sobretudo, seria mais condizente com uma Polícia que se quer do século XXI.
*JORNALISTA