Quando há 40 anos publiquei o meu primeiro texto no "Jornal de Notícias", estaria longe de imaginar que esse seria o ponto de partida de um longo percurso de contribuição cívica através do ato da escrita. Todos temos um percurso. Um percurso feito de momentos, de contextos, uns melhores, outros piores.
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O nosso percurso é muito o reflexo das opções que fazemos, das relações que estabelecemos, das situações com que nos confrontamos e dos desafios com que nos acabamos por deparar. Ter um percurso é assumir uma responsabilidade positiva para com a sociedade e afirmar a vontade de participar e ter um contributo que possa ser reconhecido como válido para o bem-estar coletivo.
Estes 40 anos de escrita são um compromisso entre a vontade e a circunstância. Tem sido ao longo destes 40 anos que agora se completam o resultado de opções claramente assumidas e os muitos contextos que me têm rodeado e muitas vezes condicionado - umas vezes de forma positiva e outras negativa - nos objetivos conseguidos. A área da inovação e competitividade desde cedo ganhou destaque nas minhas reflexões, nas minhas partilhas, nas minhas discussões. Tenho para mim, a partir do conhecimento que fui consolidando da realidade económica e social que nos rodeia, que o exercício de construção e execução dos alicerces de uma sociedade e uma economia competitivas não se faz por decreto, mas resulta duma agenda colaborativa para a qual somos todos convocados
A agenda da competitividade não se faz por decreto. Implica uma verdadeira mobilização ativa estratégica da sociedade, dos cidadãos, das instituições e das organizações para um processo colaborativo, em rede, focado na criação de valor sustentado para o futuro. E implica também que a sociedade faça da cultura de responsabilidade, confiança e valor as chaves do seu posicionamento para o futuro. A realidade é hoje muito clara e os números não enganam - 40 anos depois do início deste exercício de agenda competitiva, continuamos enquanto sociedade e economia a não conseguir agarrar o caminho do futuro e a fazer da criação de valor a marca de confiança no futuro. A Nova Competitividade - pela qual me tenho batido ao longo destes muitos anos de escrita e intervenção cívica - continua a ser uma esperança que falta saber agarrar. Mas temos que saber ter confiança no futuro que aí vem.
Economista e gestor. Especialista em inovação e competitividade
