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A equipa de futebol do Vitória é o espelho dos seus adeptos. Se existem dúvidas e receios sobre a capacidade dos jogadores, a equipa sente isso e joga sem confiança. Se se acredita na sua capacidade, a equipa transcende-se. É assim desde que vou à bola. Acredito que sempre assim foi.
O arranque da temporada tem trazido alguma insegurança. O nosso jogo foi um espelho disso mesmo, condimentado por um golo madrugador, por um resultado que não espelhava o que se ia passando em campo e uma equipa adversária sem qualquer compromisso ou respeito para com o jogo. Além disso, foi ficando a sensação nos adeptos que, apesar da superioridade vitoriana, havia ali uma espécie de macumba que nos iria tramar. As bolas nos postes, o golo anulado, começaram a criar em todos nós uma espécie de ansiedade absoluta, de fatalismo paralisante.
Daí que, apesar de ser um jogo como outro qualquer, a capacidade da equipa do Vitória em combater o fatalismo que de todos se apoderava é de realçar e de elogiar. Os jovens jogadores tiveram muito mérito na viragem do resultado. Nunca deixaram de acreditar, mesmo quando tudo começava a parecer escusado e inglório. Nenhum de nós está particularmente esperançoso ou confiante, mas jogos como este, jogos em que se luta contra os outros, nós próprios e a adversidade, deixam uma sensação positiva de que ainda poderemos vir a ser felizes. Samu trouxe experiência e inteligência à equipa.
Bastará duas ou três vitórias consecutivas, mesmo sem brilho, mas com a raça demonstrada, para que tudo mude. Temos que abandonar, rapidamente, esta psicologia de interruptor que tanto nos desgasta.