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Tenho uma inveja tremenda da minha mulher, a Ana, na sua relação com o nosso Vitória. Para ela nada se passa. Raramente vai aos jogos, pergunta displicentemente como ficámos, sobretudo preocupada com a minha disposição, já que a dela pouco (ou nada) se altera em função do resultado. É sócia individualmente há mais de vinte anos e é igualmente sócia através da empresa do bisavô. A empresa fará este ano 75 anos de filiação ininterrupta. A Ana não vai aos jogos pois não suporta a superstição, minha e dos meus amigos, que lhe tolhe os movimentos. O último jogo a que foi, em 2012, estávamos a ganhar ao Benfica e ela decidiu, pois estávamos a ganhar 1-0, ir embora. Já tinha visto o suficiente. A capacidade de concentração futebolística da Ana não excede 45 minutos. Não a deixamos sair. Dava azar! Ganhámos o jogo porque ela ficou até ao fim. Mas nunca mais foi. Penso que o problema do Vitória residirá em a Ana não ir mais vezes ao futebol. É uma hipótese.
No fim de semana do meu aniversário decidimos ir os dois matar saudades da nossa querida Galiza, aqui tão perto. E o resultado é sempre reconfortante. Encontrar irmãos nossos que, tendo outra nacionalidade, possuem os mesmos hábitos e mesma maneira de ser e viver que os minhotos. Já lá não íamos há uns tempos e fica-se sempre bem em lá ter ido. Viemos mais cedo para eu ver o jogo do Vitória em terra lusa. Como era o meu aniversário, não houve oposição. É justo que assim seja.
Devia ter ficado mais tempo na Galiza e nada ter visto. Bastaria o resultado para me deixar maldisposto, a exibição já foi um suplemento de tortura. Quanto à Ana: igual. Que inveja.