
Tal como o célebre quadro em que René Magrittere trata um cachimbo, ao qual dá o título de "ceci n"est pas une pipe" (isto não é um cachimbo), assim a Ponte D. Maria Pia me parece não ser uma ponte. Uma ponte é - socorro-me do ChatGPT- "... uma estrutura construída para permitir a passagem segura sobre um obstáculo físico, como um rio, vale ou estrada, ligando dois pontos para formar uma continuidade de uma via". Ora, apesar da maravilhosa ponte D. Maria Pia, da Casa Eiffel (projeto de Théophylle Seyrig, muito provavelmente), transpor com enorme elegância o Rio Douro desde 1877, não existe qualquer continuidade de via há 34 anos. Além disso, a função principal de uma ponte é "permitir a travessia de pessoas, veículos e cargas, facilitando o trânsito e o transporte". Assim aconteceu, com o comboio, mas assegurar a travessia de qualquer veículo, pessoa ou carga é coisa que não acontece desde 1991, apesar de muitas ideias e promessas para dar uso a esta fabulosa obra de engenharia mundial, classificada como monumento nacional em 1982.
Eleitos agora Pedro Duarte, no Porto, e Luís Filipe Meneses, em Gaia, ambos do PSD, e estando um governo PSD em funções, será que é desta que se consegue aquilo que Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues não foram capazes: dar vida à mais importante ponte portuguesa? Ou Porto e Gaia não têm ideias e a Infraestruturas de Portugal (dona da coisa) quer tudo parado e é mais forte que tudo e todos? Esperemos. Atentos.
