É uma boa notícia para o Porto e para o país aquela que o primeiro-ministro anunciou ontem na Assembleia da República: a instalação na Invicta do futuro banco de fomento, denominado de Instituição Financeira de Desenvolvimento. Por dois motivos nem sempre prosseguidos nas políticas: o respeito pelo cidadão e a proximidade como modo de melhor conhecer as situações.
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Para o Porto, ganhar a sede do banco de fomento tem um significado muito simples: por uma vez, quem precisar de financiamento não terá de correr para Lisboa. O que significa que a cidade adquirirá mais uma funcionalidade, da qual beneficiará a economia local, porque o Porto é uma cidade que vai ganhando aqueles que a visitam com a regularidade suficiente para lhe conhecerem os recantos e encantos, alguns deles de excelência europeia.
Para o país, a localização do banco de fomento no Porto é um bom sinal de que o capital e o crédito estarão mais próximos e porventura mais disponíveis para a enorme mancha de pequenas e médias empresas, grande parte das quais não se rendeu à crise e está ainda em situação de ser recuperada para a sustentabilidade do tecido económico e social das regiões. E, em consequência, servir mais e melhor o interesse nacional, por efeito da superior coesão que poderá garantir a um território deixado cair em demasiadas e profundas desigualdades tanto para empresários como para trabalhadores.
A decisão do primeiro-ministro de voltar a dar ao Porto a sede de uma instituição financeira tem também o significado da passagem das palavras aos atos. Todos estamos recordados de tantos e tão repetidos louvores ao longo da nossa história democrática à capacidade de empreender, de criar riqueza e de remar contra a maré, rebocando o orgulho de um esforço exportador que tem valido ao Norte múltiplos brindes dos partidos do arco constitucional.
Dada a boa nova, que há muito merecíamos, falta o resto. E o resto é obviamente dar corpo ao desígnio do futuro banco de fomento, coisa que não carecerá de muitas nem grandes leis ou decretos desde que a filosofia seja a mesma do Banco Português do Atlântico que, entre 1942 e 2000, existiu aqui mesmo, no Porto, como primeira grande instituição financeira privada portuguesa: respeito e proximidade na relação com o cliente.
Tratando-se de uma instituição financeira cujo capital social será, ao que tudo indica, subscrito em grande parte por fundos comunitários, a filosofia de respeito e proximidade que foi a do BPA e agora é exigível ao banco de fomento terá forçosamente de contar coma parceria competente dos ministérios, dos organismos da Administração Pública Central e das Comissões de Coordenação Regional no processo de atribuição dos dinheiros europeus que nos chegarão através do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).