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A culpa foi da crise. É a arguta conclusão a que chegaram os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos. O banco público somou milhares de milhões de euros de prejuízos, que resultaram das famigeradas imparidades, ou seja, dos calotes dos nossos capitalistas. Mas foi tudo sem querer. Houve, no máximo, alguns "erros de análise", por via de uns dinheiritos concedidos a investimentos que tinham tudo para ter corrido melhor. Não foi assim por via da tal crise, e daí à recapitalização da CGD com o dinheiro dos contribuintes foi um passo dado sem remorsos. Mas vamos em frente, que os deputados precisam agora de se concentrar no que se passou em Tancos, esse sim assunto da maior gravidade, que mexe com as funções de soberania, em vez de trocos (só em dinheiro vivo, cada português adiantou 270 euros). O que não houve na CGD, também com toda a certeza, foram "créditos de favor". E como chegaram a essa conclusão os nossos deputados? Fácil: foi esse o testemunho de todos os ex-presidentes e ex-administradores da Caixa que passaram pela Comissão. E é mais ou menos óbvio que, se tivesse havido "créditos de favor", gestão danosa ou até simples desleixo e incompetência, os magníficos gestores seriam os primeiros reconhecê-lo.
A notícia correu Mundo: no ano passado, entre as 6.45 horas de 7 de maio e as 17.45 horas de 15 de maio, Portugal foi exclusivamente abastecido por energia eólica, solar e hídrica. Nem os alemães nos fazem sombra. O melhor que conseguiram, nessa altura, foi preencher com as renováveis "quase" todas as suas necessidades energéticas num único dia. E porque era domingo! Impressionados, os nossos parceiros europeus quiseram saber mais, e descobriram, por exemplo, que no ano anterior (2015) os parques eólicos forneceram 22% da eletricidade e que, somadas todas as fontes de energia renovável, Portugal chegou à marca dos 48%. É caso para celebrar? Depende da conta e de quem a pagar. E como entretanto fomos percebendo, a conta é absurdamente alta e cai sobre as famílias portuguesas (tal como a conta da CGD). Como se explicava no JN, esta semana, somos obrigados, por contrato, a comprar a energia eólica (à EDP e a outros produtores) a 93,2 euros o megawatt/hora, mais 53,76 euros do que o preço do megawatt no mercado. Se for energia solar, o negócio é ainda mais verde: são mais 256 euros por megawatt do que o preço de mercado. Traduzido de forma simples, é mais ou menos isto: andamos a pagar jaquinzinhos a preço de lagosta.
* EDITOR-EXECUTIVO