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Pedro Couto parte hoje para a China. Não vai de férias, nem viajar por motivos profissionais. Vai porque uma família quer agradecer-lhe a forma como acolheu e tratou Jieni Shao, a jogadora portuguesa de ténis de mesa que esteve a competir nos Jogos Olímpicos.
É um ato de agradecimento para com Pedro, treinador da atleta desde o momento em que esta decidiu fazer de Portugal o seu país e de Gondomar a sua terra, onde começou a treinar aos 16 anos. Fez-se portuguesa no Ala de Nun’Álvares, o clube histórico que lhe deu uma família, amigos, um novo idioma, uma nova cultura.
A viagem e a estadia na China não é apenas para reconhecer a importância do seu técnico. É “um ato de gratidão” para com Portugal e para com os portugueses. “Sou tratado como um filho, como um irmão” pelos pais de Jieni Shao, garante Pedro Couto.
A mesa-tenista é tão portuguesa quanto o autor desta crónica. Está casada com um português. Já vestiu as cores nacionais nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, nos Jogos de Tóquio e agora nos de Paris.
O seu dia a dia é mesmo esse. Representar Portugal. É uma das atletas nacionais mais bem-sucedidas. É a 51.ª jogadora do ranking mundial.
Foi eliminada na segunda ronda do torneio feminino de singulares, após ter perdido por 4-2 com a austríaca Sofia Polcanova, 23.ª da hierarquia da modalidade. Com humildade, reconheceu a superioridade da adversária. No desporto, ganha-se e perde-se. Simples.
Depois, foi alvo de centenas de comentários impróprios, racistas. Não cabem nesta crónica. Nem constituem nenhuma surpresa. Mas também não podem ser normalizados.
O que importa é que uma família chinesa, sem barulho e desprovida de interesses, está a homenagear Portugal e os portugueses. Uma lição.