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Acreditar que se pode salvar só pelo esforço humano, sem ter em conta a graça de Deus, é uma heresia a que o Papa Francisco se tem referido como um novo pelagianismo. Contudo, a ação salvífica de Deus não prescinde do envolvimento e do esforço humano. Disso é um bom exemplo o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Jesus podia ter feito aparecer o alimento do nada: todavia, quis precisar dos cinco pães e dos dois peixes que os discípulos tinham para alimentar a multidão (Cf. Mc 6, 30-56).
É evidente que o resultado pastoral das iniciativas da Igreja, como tem advertido o Papa, não depende dos estudos que as preparam ou de uma boa planificação. Mas não é bom prescindir deles. Antes pelo contrário.
É de saudar, por isso, a iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, que, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), encomendou à Universidade Católica um estudo sobre “Jovens, fé e futuro”. Os resultados foram apresentados na semana passada e deram títulos como: “Jovens: metade são católicos” ou “Um terço dos jovens diz rezar regularmente” ou “Metade dos jovens entre os 14 e 30 anos dizem ser católicos”.
Teria sido muito interessante ter feito este estudo logo que a JMJ foi anunciada para Lisboa, em 2019, com o objetivo de verificar qual era a situação religiosa dos jovens nessa altura. Agora poderia medir-se se tinha havido, ou não, alterações na sua adesão à fé ao longo destes anos de preparação para a Jornada. Também será interessante estudar, dentro de anos, qual o efeito da JMJ em Portugal e que alterações introduziu na pastoral juvenil da Igreja nacional.
Seria bom que a JMJ deixasse uma marca indelével na juventude portuguesa. E que o seu efeito possa ser mensurável num futuro próximo, permitindo avaliar o resultado do investimento feito na sua preparação e realização.