Tenho a maior simpatia pelas reivindicações laborais dos agentes das forças de segurança, que exercem, às vezes com risco de vida, uma função de importância crucial para a comunidade nas mais precárias e frustrantes condições, com escassos meios logísticos e operacionais, não raro sujeitos a humilhações e obrigados a pagar do seu bolso despesas de serviço que deveriam ser asseguradas pelo Estado, a troco de salários que, não sendo de miséria, não andam longe disso e ainda excluídos de direitos constitucionais assegurados à maioria dos restantes trabalhadores.
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As associações profissionais têm falhado na completa exposição ao país das condições em que hoje actuam as forças de segurança. Essa informação é decisiva para que o país se aperceba dos sacrifícios que lhes são diariamente exigidos e compreenda a sua indignação face ao duro golpe que será o congelamento das progressões nas carreiras anunciado pelo ministro da Finanças.
Só que, para que o país compreenda, essas associações não podem dispor-se a usar processos menos limpos. PSP, GNR e Polícia Marítima não têm direito à greve mas, ameaçou o presidente da sua Comissão Coordenadora, "há mecanismos legais para não ir trabalhar", como baixas e assistência à família. Recorrer a falsas declarações não é, por justos que sejam os fins em vista, um meio legítimo que o país possa aceitar da parte de quem tem a seu cargo a protecção da legalidade.