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1. As conclusões do mais recente relatório do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) sobre o jogo são preocupantes. Um dado em particular: 5% dos jovens de 13 anos jogam a dinheiro. Se isto não é suficiente para despertar consciências e forçar medidas, nada será. Se é verdade, como dizem os especialistas, que foi a explosão do jogo online que serviu de detonador para um vício precoce e perigoso; e se é difícil controlar o acesso a plataformas digitais; nem por isso nos devemos render. Impõe-se o castigo a todas as empresas apanhadas a facilitar na abertura de contas e na identificação das identidades. E impõem-se medidas a nível europeu que bloqueiem pagamentos a todas as empresas, legais ou ilegais, que não cumpram as regras. Mas também é preciso que os pais despertem para esta realidade e percebam que é importante vigiar e educar os seus filhos. Porque as famílias também facilitam. E, se somos mais severos e atentos no caso das drogas, somos bem mais complacentes com o consumo de álcool e, como agora se confirma, com o jogo.
2. Não é segredo de Estado que as Forças Armadas estão mal equipadas. Também a Marinha. Portugal não é um país rico e está sempre a braços com uma crise qualquer, que esgota os poucos recursos disponíveis. O investimento do Estado falta na Segurança, como na Saúde, Educação ou Segurança Social. Mas um episódio como o da revolta dos marinheiros, que se recusaram a sair em patrulha, por temerem pela segurança do seu navio, tem de servir para mais do que castigar os "insurretos", ou para retórica política inútil. Se há ramo das Forças Armadas que pode servir os interesses estratégicos e económicos de Portugal é a Marinha. Se o dinheiro não chega para responder de forma eficaz a todos os desafios, que se definam prioridades. Queremos tanques para batalhas terrestres ou queremos navios para vigiar, explorar e potenciar os nossos recursos marinhos?
*Diretor-adjunto