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Não sei dizer a quem serve o estado deplorável a que chegou tudo o que rodeia o futebol em Portugal. Não penso que o grande problema esteja na enorme quantidade de horas que lhe são dedicadas nas TV. Grave é a falta de qualidade desses programas. Há alguns em que o único desporto é perpetuar o clima de suspeição generalizada sobre tudo e todos, criado pelos clubes e seus apaniguados. Tudo, para os dirigentes e adeptos, é sempre dúbio, pantanoso, rasteiro ou suspeito. Os árbitros estão influenciados, os observadores estão sugestionados, os líderes estão dominados. Tudo é lama, corrupção, insultos, provocações. Nada nunca é justo, as vitórias nunca são merecidas e as derrotas, especialmente as derrotas, nunca são derrotas, são antes roubos e ofensas à virtude inata dos derrotados, que se julgam sempre vencedores por decreto. O futebol, que no relvado é maravilhoso e feito de emoção, talento e arte, fora de campo já não é desporto e está quase morto. Ou o que os dirigentes dizem é verdade e não se sabe então por que nada fazem para travar o cataclismo que anunciam aos gritos todos os dias, ou então sabem que é mentira e não passam de malabaristas a tentar disfarçar incapacidades próprias. Fica aqui o meu modesto conselho: calem-se e joguem à bola.