Na sua "Crónica de uma morte anunciada", Gabriel García Márquez avisa-nos logo a abrir que Santiago Nasar está morto. E, no entanto, iniciamos a aventura convencidos de que o herói vai sobreviver à derradeira palavra deste brilhante ensaio de jornalismo. Saberia García Márquez que a sua obra poderia vir a ser a alegoria da morte do próprio jornalismo? Andamos há anos a anunciar o fim dos jornais a cheirar a jornal e a manchar os dedos enquanto neles descobrimos o Mundo. E culpamos sempre o monstro digital que nos está a roubar esse odor e a misturar verdades com falsidades, destruindo não só jornais como o próprio jornalismo. Achámos sempre que sobreviveríamos. Só nunca pensámos que a lei do capital cortaria metade dos capítulos a esta crónica. A distribuição de jornais deixou de dar lucro. Fim.
Leitura: 1 min

