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Dois jovens desapareceram, no final da semana passada, num trágico desastre de automóvel. Os seus nomes eram Diogo J e André Silva. Podiam ter sido filhos de muitos de nós e, por isso, compreendemos a angústia dos pais porque a lei da vida diz que são estes que os filhos levam à última morada.
A tragédia podia ter sido escrita por Shakespeare pois os ingredientes de mistério e surpresa estavam lá todos. Um casamento recente, uma família feliz, uns filhos orgulhosos do pai, uma namorada que se tornou a sua mulher, uma promissora carreira, no campeão de Inglaterra, de profissional de futebol.
Abalado o mundo do futebol, sobre o destino deste jovem jogador e do seu irmão, estiveram na primeira linha dos comentários de muita gente desde o primeiro-ministro britânico ao príncipe William, mas também desde o melhor jornal do Mundo como o “L’Equipe”, à “Marca” espanhola entre vários de impacto global, até atletas como o tenista Rafael Nadal. Motivou, para um último adeus, a vinda dos seus colegas do Liverpool, a que se juntaram outros nomes de futebolistas e treinadores portugueses, dirigentes e responsáveis de cargos políticos e desportivos.
Estive lá no velório e no funeral. Senti a dor da mãe e a incerteza da mulher na dúvida sobre o futuro.
Sensivelmente com a idade do Diogo escapei, com vida, a um desastre de automóvel também ele trágico para outros protagonistas.
Compreendo assim todo este drama e as suas consequências na vida daquela família.
Fica o exemplo do Diogo J para muitas gerações de jovens atletas. Como ele gostava de dizer não é importante donde vimos, mas sim para onde vamos.
O FC Porto esteve lá e deixou uma singela lembrança ao atleta que se foi agora juntar a outros que, prematuramente, desapareceram como o Zé Beto ou o Rui Filipe.
Numa manhã sufocante de calor e com um sol abrasador pessoas anónimas juntaram-se ao funeral para mostrarem a sua solidariedade. Depois, nas redes sociais vemos as coisas mais incríveis, algumas como mentiras outras como inverdades. Assistimos a pessoas a filmar que não tinham nenhuma função específica ou estavam sequer autorizadas. São mesmo os novos tempos onde parece que existe quem não tenha respeito em nenhum momento.
Fica a saudade dos golos e a memória da atitude do Liverpool em assumir o contrato profissional e a educação dos filhos. Cristiano Ronaldo talvez tenha feito bem em não comparecer porque foi o ausente mais presente.
A ilusão do futebol, com a sua magia, vai continuar porque hoje são os novos gladiadores para o grande circo popular do efémero.