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O que é melhor para os jovens que, chegando aos 18 anos, não terminam o Secundário ou não têm notas para entrar no Ensino Superior: ficarem entregues a si próprios e ao mercado de trabalho mais desqualificado ou terem oportunidades de formação adicional?
A quebra do número de candidatos ao Ensino Superior, neste ano de 2025, tornou mais visível uma realidade que tentamos ignorar, dos jovens que todos os anos ficam para trás, com o Secundário por concluir e, portanto, sem possibilidade de prosseguir estudos. Sabemos que são milhares, que têm pela frente mais de 30 anos de vida profissional, que sem Secundário e sem uma profissão estarão mais expostos a situações de precariedade e desemprego, que terão uma vida mais difícil de vários pontos de vista. Mas sabemos também que o desenvolvimento económico e social do país exige cidadãos mais qualificados, tão qualificados quanto possível. Esse tem sido um desafio nos 50 anos de democracia que ainda estamos longe de superar, sobretudo na comparação com os nossos parceiros da União Europeia.
Sabendo tudo isto, temos dúvidas sobre o que fazer pelos jovens que estão a ficar para trás?
As instituições do Ensino Superior, as escolas secundárias e as escolas profissionais têm capacidade instalada que pode ser mobilizada para, de forma articulada, oferecer caminhos de formação e qualificação pós-secundária a estes jovens. Os cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP) e os cursos de especialização tecnológica (CET), entre muitos outras formações preparatórias oferecidas em instituições de Ensino Superior públicas e privadas, são possibilidades que existem, que merecem ser divulgadas e valorizadas. Muitas outras iniciativas podem ser lançadas, contando com a mobilização e envolvimento dos estudantes do Ensino superior, para apoiar os jovens do Ensino Secundário a melhorar os resultados escolares, a mostrar-lhes que é possível ter sucesso e que vale a pena estudar.
Para conseguir que um maior número de jovens concluísse o Secundário tomou-se a decisão, há uns anos, sem grande controvérsia política, de tornar obrigatória a escolaridade até aos 18 anos. Simultaneamente, e com o mesmo objetivo, generalizou-se o ensino profissional. Aquilo que verdadeiramente falta agora é olhar para os resultados: quantos jovens chegam aos 18 anos e não concluem o Secundário? Quantos terminam, mas sem uma qualificação profissional? E olhar para esses resultados como um problema a resolver, encarando-o de forma consequente, como um desígnio, uma nova meta a superar.