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A Redação do JN elegeu a crise bélica no Médio Oriente como acontecimento internacional do ano 2024. Os judeus não são normalmente identificados como tendo grande sentido de humor, mas a realidade é outra. O professor Jeremy Dauber publicou recentemente em Portugal o livro “Os judeus e a comédia”, aproveitando para desfazer mitos e, já agora, contar algumas anedotas. Uma das mais famosas é a seguinte: “Certo dia, uma judia que sabia ler sinas analisou a mão de Adolf Hitler e garantiu-lhe que este morreria num feriado judaico. Como é que pode ter tanta certeza disso, perguntou o führer. Seja qual for o dia em que o senhor morra, vai passar a ser feriado, respondeu a vidente”.
Substituindo-se naquela anedota o protagonista Hitler pelo Hamas ou até pelo Hezbollah, compreendemos que a esperança de eliminar o inimigo é a última a morrer quando se nasce judeu. De forma mais ou menos exagerada, a luta dos israelitas contra os inimigos que os cercam não se tem caracterizado por longos períodos de paz e todas as soluções que foram sendo encontradas revelaram-se sempre precárias.
O JN escolheu como acontecimento nacional do ano a transição algo conturbada de liderança no F. C. Porto. Pinto da Costa deixou um legado indiscutível - dificilmente superável quer no país quer no estrangeiro - a André Villas-Boas. Para quem segue o mundo do futebol, sem dúvida que o evento foi marcante.
Curiosamente, na tradição judaica os dragões simbolizam as forças do caos ou da adversidade que, sob a orientação de Deus, podem ser superadas. E rezar para que tudo corra bem é, de facto, o gesto mais fácil, quer para os adeptos portistas quer para os povos do Médio Oriente.