Não é nada que muita gente não tivesse avisado. Incluindo eu próprio, mais do que uma vez nestas crónicas no nosso JN...
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Acontece que há alguns fenómenos que parecem sempre uma grande surpresa, mesmo quando não são surpresa nenhuma. Não foi uma nem duas as vezes que aqui adivinhei que a crescente globalização e digitalização da era da Internet, nomeadamente as possibilidades de invasão de privacidade e impessoalidade das intervenções através destes meios iam trazer problemas novos, crimes diferentes e prejuízos inéditos para os quais o Mundo não estava (e continua a não estar) preparado. Durante estes dias, esta discussão tem estado na agenda em Portugal por causa do nosso mais famoso hacker Rui Pinto, em prisão preventiva há quase um ano. Não é fácil ser conciso ou ter uma opinião fechada sobre tudo o que está em discussão e, por isso, nesta crónica resolvi reduzir-me à minha insignificância, limitando-me a atirar umas achas para a fogueira. A ver o que os leitores acham. Se é que são capazes de encontrar alguma resposta.
1. Vai ser possível neste Mundo novo cometer um qualquer crime e depois ser dele ilibado se fizermos uma boa ação no momento seguinte?
2. Há alguma diferença entre o Luanda Leaks e o Football Leaks que justifique a diferença que a Comunicação Social e os tribunais parecem estabelecer entre um e outro?
3. A confissão de um crime passa a ser prova real aceite sem mais nada? Que eu saiba, nunca foi possível que alguém confessasse um crime para salvar um terceiro por amizade ou interesse financeiro.
4. A confissão de que Rui Pinto é o autor do Luanda Leaks foi confirmada por quem?
5. Será que está alguém a preparar uma lei que permita que qualquer pessoa possa acusar um terceiro de um crime praticando ela própria um crime de que fica inocente?
6. De hoje em diante passa a ser finalmente verdade que ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão?
7. Para quando está previsto o aumento da nossa longevidade média para mais de 100 anos?
*Empresário