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A presidente do PSD já se deveria ter demitido e convocado novas eleições internas. Mas não só não o fez como parece apostada em manter indefinidamente esta situação de gestão corrente, que apenas favorece opositores externos e grupos internos de influência. Mas prejudica o partido e o país.
Manuela Ferreira Leite prometeu credibilizar o PSD com um discurso de seriedade e propostas alternativas de governação. Não o fez, e ainda alienou o seu capital de seriedade ao apresentar candidatos como António Preto e afins. Os resultados eleitorais foram decepcionantes e, quando se esperava a demissão da Comissão Política, esta optou por adiá-la para depois da aprovação do Orçamento do Estado.
Não se entende qual a vantagem do PSD se apresentar nesta votação fragilizado e em gestão corrente. A menos que a esta direcção pretenda ganhar tempo. Só assim também se percebe mais esta recente manobra dilatória, a ora anunciada marcação de um congresso, segundo dizem "para discutir o partido e o país". Inaceitável, pois a melhor forma e o melhor momento para esse debate alargado é justamente a campanha eleitoral para a escolha do novo presidente do partido.
O agendamento de um congresso antes das eleições directas que se avizinham, ainda por cima para alterar as regras de escolha do líder, apenas serve para o poder vigente tentar ganhar na secretaria o que não consegue junto da maioria dos militantes. Esta manobra de manutenção de poder não dignifica a democracia nem o PSD e faz cair a máscara daqueles que se arrogam duma superioridade moral que nunca possuíram.
Se vingarem as teses deste grupo lisboeta e cortesão, o partido será administrado por uma liderança frágil, representante do Bloco Central de interesses económicos e em melhor situação para se coligar, em breve, com Portas, que esfrega as mãos de contente. Para o CDS, que obteve um resultado histórico nas últimas legislativas, a estratégia passa por servir temporariamente de muleta a este Governo para, a seguir e com o PSD fragilizado, lhe impor uma coligação pré eleitoral ruinosa.
Os militantes laranja anseiam pela eleição de um novo presidente que consiga federar as diversas tendências em torno dum programa de forte componente ideológica. Mas a sua direcção não quer abandonar a sede, no Bairro da Lapa e está agarrada, como uma lapa, às prebendas que o poder lhe confere.