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A lista de jogadores de futebol multimilionários que se juntaram a clubes sauditas para aumentar a fortuna pessoal é impressionante e triste, pela falta de noção de atletas que preferiram o dinheiro de uma monarquia que faz tábua rasa dos direitos humanos a ter uma espinho dorsal intacta. Rúben Neves, Jota, Alex Telles, Benzema, Firmino, Mendy...
Todos eles ídolos de milhões de jovens, que vão receber uma única mensagem: faz tudo por dinheiro e não penses em princípios éticos.
Deixei de fora desta lista Cristiano Ronaldo. CR7 merece uma menção especial, porque é uma das personalidades públicas mais conhecida no planeta, mesmo por quem ignora os detalhes do futebol, e é idolatrado por crianças em todo o Mundo. Já todos percebemos que o português tem tomado decisões de final de carreira que poderão não ser as mais ajuizadas, mas com a ida para a Arábia Saudita abriu caminho à maior campanha de “sportswashing” de que me recordo.
Desde 2021, o reino dos petrodólares gastou cerca de 5,4 mil milhões de euros em investimento desportivo. E como todos sabemos, nada lava melhor o sangue das atrocidades cometidas por um Estado do que dinheiro Super Pop Limão.
Podia citar relatórios da Amnistia Internacional, Human Rights Watch ou das Nações Unidas sobre o problema dos Direitos Humanos na Arábia Saudita, mas prefiro citar um documento do Departamento de Estado dos EUA, um país aliado, mas que também ignora muito do que descreve.
Segundo os EUA, há relatos credíveis de “execuções por infrações não violentas; desaparecimentos forçados; tortura e casos de tratamento cruel, desumano ou degradante de prisioneiros e detidos por agentes do Governo; prisões e detenções arbitrárias; prisioneiros ou detidos políticos; perseguição e intimidação de dissidentes sauditas que vivem no estrangeiro; restrições graves à liberdade de expressão e aos meios de comunicação social, incluindo detenções injustificadas ou ações judiciais contra jornalistas e outros, e censura”.
O sumário do relatório continua e não refere o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, morto dentro do consulado saudita em Istambul, mas seria impossível reproduzi-lo por completo, tantos são os atropelos aos Direitos Humanos do reino saudita. Mas bola para a frente, que CR7 continua a investir em grandes negócios e está com o ego nos píncaros por ter sido ele a “a abrir portas” para que tantos outros não se sintam tão culpados por serem marionetas de um regime sanguinário.