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Nunca como hoje houve tanta necessidade de um grito de alerta: a liberdade de Imprensa está ameaçada. À escala global.Hoje é o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, instituido pela ONU (dez. 1993). E nunca tantos fatores se conjugaram para corroer esta liberdade. Aqui e no Mundo.
Há 15 meses, no 5.º Congresso dos Jornalistas, assinalava-se o "estado de calamidade" em que mergulhava o sistema mediático. Situação mais crítica da profissão desde o 25 de Abril (1974). Houve várias moções. A situação piorou. O epicentro da crise não estava no exercício do jornalismo, mas na gestão do negócio e na transição para novos modelos.Reconheceu-se o estado de emergência mediática e a necessidade de medidas. Concretamente: criação de uma estrutura de missão e de um fundo de emergência mediática para as situações de risco. Nada foi feito, ainda.
A fragilidade do sistema não contribui para a salvaguarda da liberdade. Os média e os jornalistas ficam mais sujeitos a tentativas de controlo (como ameaças ao sigilo profissional) e manipulação. A falta de meios fragiliza o setor. Reduz as exigências de investigação e de rigor informativo. Instala o medo. O panorama mundial é desastroso. Com dois focos tremendos: Gaza e Trump. Exatamente: uma geografia e uma personagem. Ambos destrutivos.
Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), mais de 200 jornalistas foram mortos pelas forças israelitas em Gaza, desde outubro de 2023. É o local mais perigoso. Mas a Rússia, a China, a Turquia, também, entre outros regimes autocráticos.
Nos EUA, o presidente Trump ameaça os jornalistas, corta fundos, diz quem quer, ou não, nas conferências de imprensa, descredibiliza o jornalismo, instala o medo. A onda Trump espalha-se. Resultado: mais do que os assassinatos, a RSF acaba de assinalar (relatório de ontem) que as pressões (económicas) sobre os média são uma forte ameaça à liberdade. Há “um recuo inquietante em numerosas regiões do Mundo”. Os média estão hoje “entalados entre a sua independência e a sobrevivência económica”. Situação gravíssima: “pela primeira vez, a classificação da liberdade de imprensa tornou-se ‘difícil’ à escala mundial”.
É preciso travar este caminho de asfixia da liberdade. Sem ela, abre-se o abismo. Para o oxigénio da democracia. A causa é de todos. Impõe-se um alerta mundial, para ação alargada e simultânea (?) em defesa da liberdade. Conectem-se todas as instituições do setor para juntar os cidadãos, à escala mundial, e dizer "basta"! A liberdade é o pulmão do Mundo!