A comemoração dos 49 anos da Revolução de Abril de 1974 fica marcada pela presença do presidente do Brasil em Portugal, numa importante visita oficial que pretende relançar a relação entre os dois estados, que é de mútuo interesse num contexto que soma o histórico que une os dois países, as condicionantes que vivemos no presente e as esperanças que alimentamos para o futuro, de um Mundo melhor, com mais prosperidade e com paz.
O Brasil tem assumido uma posição no contexto internacional de oficial neutralidade, com o seu empenho, desde 2009, no BRICS, uma organização de estados que integra o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul (este desde 2011), com uma relação positiva com o chamado "mundo ocidental", mas com opções de política externa que são objetivamente diferentes das que Portugal vem assumindo, na sua gestão como país independente, e também como Estado-membro da União Europeia e da NATO.
Além de tudo o que foi noticiado com base nas declarações mais recente do presidente do Brasil sobre a guerra que a Rússia provocou com a invasão ilegal e imoral da Ucrânia, é importante dar nota pública de que o "Banco do BRICS", o Novo Banco para o Desenvolvimento, com sede em Xangai, na China, terá no quinquénio 2020/2025 a presidência de uma pessoa indicada pelo Brasil, tendo o presidente Lula da Silva substituído, no final do passado mês de março, o diplomata que Jair Bolsonaro nomeou, pela sua sucessora e antecessora na presidência do Brasil, Dilma Rosseff, numa aposta política clara, com elevado nível de empenhamento.
A esperança que alimentamos é que a visita oficial do presidente brasileiro a Portugal, país integrante da União Europeia e da NATO, possa criar condições para que o Brasil tenha uma aproximação ao lado bom da luta do Mundo contra a guerra que a Rússia teima em prosseguir no país mártir que é a Ucrânia.
Ajudar a Ucrânia não é um ato de guerra, é um ato de solidariedade para com um país mártir e agredido à margem das regras do direito internacional, de apoio e proteção a um povo que, em vários momentos da sua história, sofreu e sofre as agressões da Rússia.
A ajuda do Brasil para pressionar a Rússia a parar com uma agressão e uma guerra absurda, que além das graves consequências que provoca ao povo e ao Estado ucraniano, tem causado uma crise económica à escala mundial, é muito importante, e esse exercício do presidente Lula da Silva será seguramente mais relevante do que as suas declarações de boa vontade na defesa da paz.
Que o BRICS e o seu banco possam ter uma ação política relevante, para terminar com esta guerra que ninguém percebe nem aceita.
Que Portugal, a União Europeia e a NATO prossigam o seu apoio ao povo e ao Estado ucraniano, e intensifiquem os esforços de paz, somando a nova ajuda do presidente do Brasil para convencer o presidente da Rússia a parar com a guerra.
E que tudo seja feito em nome da paz e da liberdade, que para ser real liberdade não pode estar aprisionada por uma qualquer guerra.
*Presidente da Câmara de Aveiro
