49 anos sobre o 25 de Abril de 1974 ontem foi dia para comemorar a restauração da democracia e de muitas liberdades, sem esquecer a liberdade para disparatar.
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O pão, a paz, a habitação, saúde, educação, mas também muitos disparates.
Como todos sabemos, o ótimo é inimigo do bom e não estaríamos a ser amigos da democracia e da liberdade se não aceitássemos que o ótimo de serem só vantagens com elas tem de conviver com dias e realidades menos felizes por causa de ambas.
As comemorações oficiais foram bem o exemplo desta verdade. Ainda bem que existiu o 25 de Abril de 74 para que no mesmo dia de 2023 fosse possível receber o presidente do Brasil com duas manifestações de sentido oposto. Uma a chamar-lhe ladrão e outra a reconhecê-lo como o salvador da Terra de Vera Cruz.
A liberdade com que ouvimos o nosso presidente da República a enaltecer Lula e a desancar aqueles que condenam a política atual de imigração é a mesma que nos condena a ouvir André Ventura a proclamar um conjunto de disparates para os fãs que se manifestaram à porta da Assembleia.
A democracia que permitiu umas eleições que deram a maioria absoluta ao PS é a mesma democracia que me permite defender que essa maioria acabou de aprovar no Parlamento uma lei que é um autêntico disparate. Permitir que uma criança de tenra idade possa decidir por que nome quer ser chamada ou por que pronome quer ser tratada numa escola, independentemente do nome oficial com que os pais a inscreveram, é de um ridículo total.
É evidente que esta lei foi feita por gente que já deixou a escola há muitos anos , mas que deveria perceber que o ótimo que seria ter um mundo lindo a condizer com todos os seus sonhos ideológicos vai impedir o bom que seria ter uma escola sem incidentes e brincadeiras tolas, mais do que previsíveis. Incidentes e brincadeiras que se vão virar certamente contra as eventuais crianças que os autores da lei teriam a intenção de proteger.
Uma lei que parece ótima em teoria mas depois se revela péssima na prática não é boa para ninguém. Há um diferença gigante entre a liberdade de ser diferente e a imposição legal dessa diferença a terceiros. Por outras palavras, o 25 de Abril também é a data em que se comemora a ideia de que a liberdade de cada um termina quando interfere na liberdade dos outros.
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