A ideia de que tudo está perdido, inalcançável e longe-longe, metragem mais do que longa e fatídica, está sempre pronta a ser derrubada pelo futebol. É nesta capacidade de fazer desabar o castelo de cartas para baralhar e dar de novo que reside boa parte da beleza do jogo. O colectivo enche sempre mais as medidas numa maratona de jornadas, pese embora as individualidades que resolvem alguns jogos como que por magia. O ADN, a alquimia, o factor emocional, saber o que está em jogo, tudo o que se passa na cabeça e não só nas pernas. Os 10 pontos que se desfizeram em 4 numa só semana, são uma lição para os fatalistas. Não há lugar para eles no futebol.
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Uma das três equipas (Benfica, F. C. Porto ou Braga) que consiga vencer os 6 jogos que faltam até ao final, deverá ser campeã. As três, devido ao confronto directo, nunca o poderão conseguir. E muito dificilmente duas equipas, em simultâneo, terão um percurso imaculado. Ninguém resistirá a um percurso invicto. Quem garantir 18 pontos nas 6 jornadas que restam, decide a seu favor. Sendo que o ainda líder "só" precisa de 15.
Depois da terceira derrota consecutiva, agora em Chaves, o Benfica adensou a pressão duma vitória do F. C. Porto frente ao Santa Clara. Todos já vimos o suficiente para exercer prudência e desejar o essencial: três pontos. Não foi bonito, não foi retumbante, não deixou de convidar a ansiedade em momentos. Para quem morava na impossibilidade há tão pouco tempo, viver uma jornada de luta é mais do que suficiente. Quem já não acreditava, pode voltar a pendurar as toalhas.
Positivo: As dúvidas que se introduziram sobre a titularidade deste campeonato no fim da época são emoções puras servidas em vertigem. Nada mudou senão a dimensão da desvantagem, bem mais curta, e a certeza de que o Braga ainda está na luta.
Negativo: Não há uma boa hora para a fatalidade mesmo quando a vida é um jogo, dizem. O momento de Eustáquio e a reserva com que todos o trataram nos últimos meses é a prova de que somos melhores quando abraçamos sentimentos de coragem, força e dedicação. Os meus/nossos sentimentos.
o autor escreve segundo a antiga ortografia
*Adepto do F. C. Porto