"No princípio era o Verbo", decidiu João (1:1) e ainda bem. No começo de tudo está sempre uma palavra e eu aprecio bastante as palavras, incluindo as que odeio, como "impactante" ou "empoderamento".
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Mas ainda mais importante é saber escrevê-las, juntá-las para formar frases entendíveis e depois escrever textos gramaticalmente corretos. Ou, pelo menos, que se consigam perceber. Hoje em dia, já parece pedir muito que não haja vírgulas a separar o sujeito do predicado. Há outro fenómeno que se observa na vivência em estado selvagem (ou seja, nas redes sociais) que não consigo perceber: as pessoas que, quando querem perorar sobre impostos e finanças, reclamam escrevendo "aumentasse", quando querem escrever "aumenta-se", ou "enfia-se", em vez de "enfiasse".
Claro que todos se enganam ou cometem erros. Incluindo eu. Mas pela análise que fiz este ano aos comentários no Facebook e a vários documentos que recebi do Estado, a grande crise que se vive em Portugal é a crise do português. Não do cidadão, mas da língua. Escreve-se (sim, "escreve-se") muito mal português em Portugal. Se se escrevesse melhor ("escrevesse" está certo), mais difícil seria acreditar em todas as barbaridades que nos aparecem (mal) escritas nos murais. Conhecer a língua é a principal defesa contra a ignorância. O verbo sempre, pois, para início de conversa e final de ano.
Jornalista