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A língua é evolutiva. É normal, por isso, que uma língua com centenas de anos, como a portuguesa, tenha conhecido mudanças, de maior ou menor dimensão, impossíveis de agradar a todos os falantes. Não vem daí mal ao Mundo. O pior é quando as mudanças agridem os pensantes. As palavras até podem ter conotações distintas consoante o sítio onde são proferidas. Mas mudar radical e unilateralmente o significado de uma palavra devia merecer punição. Se já era de torcer o nariz ao "acessível" da "renda acessível" com valores acima dos 500 euros, o que dizer quando uma renda de 2300 é considerada "moderada"? Num país onde o salário mínimo é de 870 euros e só 2% dos trabalhadores levam mais de três mil euros para casa, considerar que 2300 euros é uma renda moderada devia fazer morder a língua.