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O passado é passado e não pode ser reescrito. O Mundo está em constante evolução, ainda que alguns saudosos dos tempos da outra senhora, salazarentos e afins fascistas, queiram transportar para os nossos dias tudo aquilo que nos devia envergonhar enquanto sociedade que preza e respeita os valores e os direitos humanos, não olhando à cor da pele, à etnia nem à religião. Há um tempo para tudo na vida e o futebol não é exceção. Mas há quem não perceba isso, como é o caso de Luís Filipe Vieira. Aos 76 anos, em vez de se dedicar à família, quer voltar a ser presidente do Benfica.
Apesar da existência prévia de cinco candidatos, diz que avança porque Rui Costa, atual líder das águias, outrora delfim e trunfo eleitoral, destruiu o legado que deixou em quase 18 anos de presidência. Diz que só resiste o património - Estádio da Luz e complexo desportivo adjacente, o centro de treinos do Seixal. E tem razão. Por muitos títulos e troféus que tenha ganho, a história mostra-nos que o património é o seu único legado. Tudo o resto, pelo que vamos conhecendo dos processos judiciais em que é arguido ou que estão ligados ao Benfica enquanto foi presidente, mesmo com a presunção de inocência, nunca será digno de figurar num legado. Paulo Gonçalves, César Boaventura, entre outros, são nomes de que Vieira nunca se irá livrar, por mais curta e seletiva que seja a memória. Dito isto, numa coisa Vieira tem razão: aquele final da entrevista, com não sei quantos comentadores e o impoluto Rui Santos de facas afiadas, foi mesmo uma vergonha.