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Um algoritmo pode ser definido como um número finito de instruções bem definidas, projetadas para resolver um problema ou realizar uma tarefa específica, fazendo muitas vezes parte de rotinas ligadas ao nosso próprio ritmo circadiano. Os algoritmos das redes sociais identificam quais as publicações que devem ser enviadas para mais ou menos pessoas, definindo de certa forma o grau de notoriedade das mesmas, em função da importância que atribuem aos públicos alvo. Os media, quase sem exceção, são arrastados por este fenómeno, aqui alimentado pelas audiências e visualizações por meios digitais.
Vivemos tempos muito diferentes nos modelos de aprendizagem, divulgação de conhecimento ou modelação da informação, por mais distintos que sejam os domínios em questão. Os algoritmos que dominam a circulação noticiosa, com ênfase para as redes sociais, estão a alterar de forma profunda a perceção dos factos, existentes ou não, independentemente da sua veracidade.
Quando conversamos com jovens ou assistimos a conversas entre eles, percebemos a dificuldade cada vez mais notória em conseguirem estabelecer um diálogo estruturado, com princípio, meio e fim. São muitas vezes interceções de monossílabos, palavras cortadas, frases incompreensíveis, não raras vezes sem verbo que permita entender a sua dinâmica ou confusão com o substantivo. Um registo postulado numa rede social é percebido como uma notícia, muitas vezes sem qualquer escrutínio por parte de quem a lê. Os conhecidos são os que, em “português moderno”, se designam como “influencers”, ordenados por rankings de número de seguidores. Quando a tudo isto adicionamos o poder acelerador da IA, inteligência artificial, então percebemos que estamos no limiar de uma rotura no modelo de apreensão do conhecimento.
Mas, uma sociedade onde o desenvolvimento económico e social seja encarado como um bem coletivo, não se pode demitir da luta com o algoritmo, porque a verdade e a dignidade não serão, nunca, valores artificiais.