Voltar à Madeira é sempre um prazer. As encostas cheias de bananeiras, as hortas férteis e rodeadas de flores exuberantes, as frutas exóticas do Mercado do Funchal, os jardins com árvores tropicais e as cores... O amarelo dos táxis que é mais amarelo que todos os amarelos do Mundo. O negro das areias e dos seixos. O ocre da Ponta de São Lourenço. E o azul infinito do mar.
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Uma varanda da Estalagem da Ponta do Sol sobre o oceano é um privilégio. Nunca antes vi um horizonte tão amplo e uma vista de mar tão profunda. Um mergulho naquelas águas e sentimos que estamos em mar alto, em águas fundas, reenergizados. E as levadas são um prazer para quem gosta de caminhar, ora rodeado de vegetação, ora na beira da montanha com vista para a paisagem (sempre diversa e de tirar o fôlego). Som de água corrente, quedas de água ocasionais e, de repente, poderíamos estar no Havai, ou na Polinésia. Se bem que, ainda bem que não estamos, porque, assim, depois da caminhada, podemos ir comer o melhor filete de peixe-espada com batata-doce do Mundo, ou uma espetada em pau de loureiro com milho frito e uma Brisa de maracujá.
Desta vez, tive a sorte de apanhar um espetáculo da brasileira Letrux num dos Concertos L na estalagem e é mais do que justo dizer que a programação continua irrepreensível, pois verão após verão, naquele jardim sobre a praia da Ponta do Sol, pode ouvir-se música de todos os géneros, de artistas do Mundo inteiro, sobretudo do lado mais alternativo da força, com entrada livre e um bom gosto inquestionável. É uma sorte estar na presença de um dragoeiro centenário, num dos lugares mais bonitos da ilha e, ainda por cima, a ouvir música boa!
A praia do Seixal continua belíssima, as piscinas naturais de Porto Moniz também e, desta vez, andei em busca de um artesão, lá para os lados de Quinta Grande, para comprar um brinquinho da Madeira legítimo, para integrar a minha pequena coleção de instrumentos. Que lindeza de objeto. Um instrumento de percussão português, que funciona com uma espécie de chocalho de castanholas e caricas, mas que vem decorado com bonecos de pano e fitas coloridas, perfazendo ele próprio um bailarico madeirense que se move, aos saltinhos, cada vez que o agitamos para produzir som.
A estadia terminou com um concerto no Festival Summer Opening, para o qual fomos hospedados no incrível Hotel do Casino desenhado por Óscar Niemeyer. Um atrevimento arquitetónico de grande intemporalidade e conforto. Uma mini-Brasília ao pé do mar, com as suas linhas ora orgânicas, ora retas, os espaços interiores forrados a madeiras nobres, grandes janelas que funcionam como molduras para o verde e para o azul exteriores, e o jogo de luz e sombra nos angulosos espaços decorados com tapeçarias e mobília mid century que faz tudo parecer um filme dos anos 60. Quero voltar!
*Música
