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Recentemente foi resolvido o grave problema dos doentes oncológicos que, em Portugal, não viam maneira de poder aceder a tratamentos cirúrgicos em tempo útil.
Os doentes com cancro, bem como as suas famílias e amigos, sabem bem a importância desta conquista civilizacional e, seguramente, nunca em circunstância alguma a irão menosprezar.
Importa agora garantir que não se regresse ao passado, que não se voltem a repetir as mesmas dificuldades e que, portanto, se mantenham os tempos de resposta adequados a cuidados de saúde em oncologia, que preservam a vida, a dignidade e o bem-estar dos cidadãos.
Importa também evoluir rapidamente para a resolução do problema das restantes listas de espera do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
As listas de inscritos para cirurgias e consultas de especialidade de patologias não oncológicas deverão agora ser alvo de uma atenção especial, pois atingiram também dimensões que num país civilizado e desenvolvido não são aceitáveis.
A melhoria do acesso a estes cuidados de saúde é possível, mas depende de múltiplas variáveis que necessariamente se deverão conjugar de forma eficaz.
Desde logo e prioritariamente dever-se-á aprimorar e otimizar a prestação dos serviços do setor público, com a devida motivação e mobilização dos médicos, dos enfermeiros e outros profissionais. Os contributos dos setores social e privado não são dispensáveis, nem desvalorizados, mas convém realçar que dada a capacidade instalada, bem como a qualidade que predominantemente se encontra no serviço publico, é com este que se deve principalmente contar.
Nesta senda de preferencialmente utilizar e desenvolver o serviço público de saúde, há um conjunto de medidas organizacionais a implementar e a desenvolver, por forma a que se possam introduzir rapidamente fatores de eficiência e eficácia. Destaca-se como primordial e estratégico o aumento da cirurgia de ambulatório (CA) nos hospitais públicos portugueses. A cirurgia de ambulatório representa qualidade e segurança para os doentes, ao mesmo tempo que liberta camas de internamento e diminui custos de funcionamento hospitalar.
A cirurgia do ambulatório será pois, a muito curto prazo, um valioso instrumento não só para disponibilizar camas do internamento hospitalar, mas também para a redução das listas de espera para cirurgia.
Assim o saiba aproveitar quem decide.