Neste preciso momento parece tudo igual.
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É uma sensação estranha porque sabemos que este lago de águas calmas tem os dias contados. E infelizmente, nem o Brexit, nem a Oposição, nem a Esquerda desvinculada são o monstro do Loch Ness.
E a formação do Governo que aí vem parece também muito igual. As mesmas pastas, sectoriais e verticais, e (quase) as mesmas caras .
Escrevi neste jornal em maio de 2015 um texto sobre a questão da orgânica dos governos.
Dizia então (em período de campanha eleitoral): "Lá virão os temas organizados de acordo com as pastas da Economia, das Finanças, da Agricultura, do Ambiente, da Justiça, da Segurança Social etc....
Na prática, a máquina do Estado nem estremece porque ministro vai, ministro vem, o processo é o mesmo, os departamentos e os feudos os mesmos.
(...) Talvez valesse a pena pensar esta dimensão da arquitetura política a partir dos problemas e não das respostas já existentes.
Por exemplo, assentar que temos de continuar a existir - demografia, envelhecimento, imigração; que temos de nos conhecer muito bem - língua, história e património; que temos de garantir que as infraestruturas funcionam para que a economia se desenvolva - redes e governação; que temos de garantir um Estado social - saúde, educação, segurança social e finanças; que temos de viver em paz - segurança e cidadania; que vimos do Mundo e temos de nos encontrar no Mundo - África, Europa e resto do Mundo.
Talvez se possa fazer outra leitura, talvez se possa elencar os grandes desafios de outra forma. Mas a questão é que o exercício devia ser feito.
Reparem que uma mudança deste género implicava uma desestruturação significativa da máquina instalada, uma noção muito mais clara daquilo de que se poderia prescindir e do que deveria ser valorizado".
Terminava apostando que ninguém faria o exercício. Tive razão. Perderam-se quatro anos. Pelos vistos vamos perder mais quatro.
*Analista financeira