Corpo do artigo
As eleições autárquicas são, em Portugal, um dos momentos mais afirmativos e vivos da democracia. Milhares de portugueses empenham-se civicamente, em aldeias ou cidades, em candidaturas, programas, debates e contactos, num gesto de vontade e dedicação pelo bem-estar e prosperidade das suas comunidades.
Independentemente dos resultados, é um movimento tocante, que torna a democracia um exercício real e participado. Glória aos vencedores, honra aos vencidos! Todos fazem literalmente parte - e farão, conhecido o modelo representativo que define a moldura de governação das autarquias locais.
A Norte, emergem novos protagonistas - do Porto a Bragança, de Esposende a Penedono; e confirmam-se outros atores consolidados - de Arouca a Mogadouro, de Monção a Freixo de Espada à Cinta. O conjunto poderá edificar uma unidade plural, cuja força é reforçada na sua expressão múltipla, mas articulada, sem prejuízo das diferentes idiossincrasias.
A pronúncia do Norte ganha nessa polifonia, numa assembleia que tire partido de todos os fortes simbolismos - políticos, culturais ou geográficos - mas construa uma plataforma comum.
Um dos espaços onde essa plataforma nortenha, qual caixa de ressonância de uma consciência regional, se pode edificar e exprimir é na sua CCDR - Norte. Desde logo, na eleição do seu presidente, mas também na agenda do seu órgão político por definição: o Conselho Regional. Esse órgão, desconhecido de muitos cidadãos, pode ser uma sede extraordinária de negociação e afirmação regional. Não se limita a cumprir um caderno de encargos burocrático, mas expande-se a temas da maior relevância coletiva: a organização do Estado e a sua reforma e descentralização; os grandes investimentos públicos e planos de desenvolvimento; a distribuição e aplicação dos fundos europeus. Nessa sede, constelam-se posições e vontades, dando lugar a uma manifestação una e plural, que exige mais das suas instituições, formula propostas e reivindica mutações ao atávico centralismo português.
O país precisa de todos e, ainda mais, do Norte. Economicamente falando, mas também nos planos demográfico, cultural, científico e de inovação. E só em plataformas regionais dialogantes vingará o desígnio fundamental da nossa maturidade democrática, da nossa coesão e crescimento, que terá na regionalização o seu mais efetivo instrumento.
Atentos estes e outros desafios, saúda-se com gratidão e expectativa todas as nortenhas e nortenhos eleitos em autarquias locais. Através deles haverá mais futuro a Norte.