Corpo do artigo
Isabel, em Bragança, Júlia, em Vila Verde, Helena, em Miranda do Douro. Estes são apenas três nomes das 48 mulheres que conquistaram câmaras municipais nas eleições autárquicas do passado domingo. Cinco décadas de democracia resultaram no número mais elevado de mulheres eleitas, mas, ainda assim, falamos apenas de uma mulher em cada seis autarquias do país. Um resultado global baixo, de apenas 15,3%, vendo as listas publicadas pelo Ministério da Administração Interna, onde se percebe que no círculo de Lisboa está apenas Raquel (Sobral de Monte Agraço), e que no do Porto venceram quatro mulheres Ana (Baião), Cristina (Marco de Canaveses), Luísa (Matosinhos), Andrea (Póvoa de Varzim). Comparando esta lista com a composição autárquica de 1976 há um salto gigante. Há quase cinco anos, foram cinco as eleitas. Numa lista de 10 páginas publicada online, encontram-se no pioneiro distrito de Aveiro três dessas vencedoras: Maria conquistou Estarreja, Maria Isabel a Mealhada e Alda, Vagos. Depois é preciso ter olhos de lince para encontrar no meio dos Manéis e dos Fernandos, Maria, que conquistou Coimbra, e uma outra Maria, Chambel, o Sardoal. Para esta mudança terá contribuído a lei da Paridade, aprovada em 2006, que estabelece uma representação mínima de 40% de cada um dos sexos nas listas submetidas a escrutínio. Ainda assim, em 2021, os cabeças de lista nessas eleições eram maioritariamente homens, 81,4%, contra apenas 18,6% mulheres, contabilizou a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. Apesar de a proporção de "presidentas" ser de apenas 15,3% para o próximo ciclo autárquico, o crescimento tem sido consistente. Em 2005, esse valor era praticamente metade, apenas 7,8%. Com progresso, rompidas as teias informais de amizades, continuará a crescer.